John Deere

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A força do campo

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

“Sou otimista em relação à agricultura orgânica no Brasil”, diz diretor-executivo da Ifoam

Segundo Markus Arbenz, 0,67% da área plantada no país se enquadra no modelo orgânico de produção


   Divulgação
Segundo Arbenz, o maior empecilho para a agricultura orgânica no Brasil são as safras geneticamente modificadas
“Buscamos consolidar um cultivo global de produtos orgânicos para não sermos mais chamados de ‘prática alternativa’”. Assim começou o discurso de 20 minutos do suíço Markus Arbenz na Biofach América Latina, maior evento de agricultura orgânica do mundo, realizado em São Paulo, em conjunto com a ExpoSustentat 2010. Arbenz é diretor-executivo da Federação Internacional de Movimentos de Agricultura Orgânica (Ifoam, na sigla em inglês), uma organização não-governamental sediada na Alemanha que busca unificar os certificados de qualidade da área. Conta com 750 membros em 116 países.

Em seu painel, ele mostrou alguns dados sobre os índices de produção orgânica pelo mundo. No Brasil, 0,67% da área cultivada pode ser considerada orgânica, ou 243 hectares por produtor em média — equivalentes a um total de 1,77 milhão de hectares. Perde para latino-americanos como Uruguai, Guiana Francesa e República Dominicana, todos com mais de 5% de seus territórios dedicados ao plantio orgânico — atividade que reúne uma série de práticas responsáveis, desde o banimento de agrotóxicos até o respeito aos ciclos da natureza.

“Esses países pequenos têm focos de produção muito segmentados, não podem ser comparados a nações enormes como o Brasil. Aqui, o desafio é muito maior. Eu penso que o maior empecilho aqui sejam as safras geneticamente modificadas, que prejudicam os produtores orgânicos porque eles ficam mais desprotegidos das pragas do campo”, afirma o representante da Ifoam, que veio ao país a convite da Organics Brasil, projeto que reúne empresas brasileiras com o intuito de exportar produtos agrícolas.

Arbenz enxerga o futuro dessa área no Brasil como promissor. “Tem um grande lobby para a cultura agroindustrial, mas vi muitos pontos positivos: vi suporte por parte do governo, por parte de associações também, então fico bem otimista em relação ao futuro da agricultura orgânica no Brasil”.

Sobre o recente anúncio da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), segundo a qual a produção de alimentos precisa crescer 70% até 2050 para erradicar a fome, Arbenz lembra que o desafio não é a quantidade de comida, mas a distribuição. E a agricultura orgânica pode ajudar nisso? “Hoje, desperdiçamos 25% do que produzimos enquanto tem gente que passa fome. É um paradoxo. Então, temos que produzir mais, claro, mas não é o problema de verdade. Pequenos produtores orgânicos devem primeiro produzir para suas famílias; depois, para os mercados locais. Em terceiro lugar, para o mercado nacional; e aí, talvez, para o mercado internacional”.

De acordo com ele, até em países da África, continente com maior número de famintos, existem comunidades de plantio orgânico que se sustentam, como no Egito e na Etiópia. “Uganda é muito mais desenvolvida na área de agricultura orgânica do que muitos países com tradição industrial. Existem péssimos governos, que não estimulam, mas penso que segurança alimentar tem muito a ver com agricultura orgânica. É uma solução”.

O painel da Ifoam foi seguido de um da Organics Cluster in Rhôde-Alpes, com o diretor Nicolas Bertrand, também convidado pela Organics Brasil. Muito mais focado no mercado da França, país que sedia a associação e, devido à falta de suprimentos locais, importa 38% da matéria bruta para produtos orgânicos, o discurso de Bertrand chamou atenção para a importância de saber vender itens orgânicos.

Uma das principais dicas é contar a história por trás do produto. Na França, por exemplo, 82% dos compradores de cosméticos orgânicos fazem questão de que os produtos sejam feitos em sua região e com responsabilidade social. Outro diferencial apontado pelo diretor é o investimento pesado em marketing e embalagens. “Sem isso, não há como se diferenciar dos produtos convencionais à venda nas lojas”, diz Bertrand.

“Distribuição objetiva”
Quem chega à Biofach América Latina, que está em sua oitava edição e sempre foi realizada no Brasil, se depara com uma mudança significativa em relação ao evento do ano passado: a área usada do Hotel Transamérica Expocenter está menor. “A feira diminuiu em área física”, diz Maria Beatriz Martins Costa, diretora do Planeta Orgânico, co-organizador da feira, juntamente com a Nuremberg Messe. “Diminuiu porque tentamos fazer uma distribuição mais objetiva, queremos concentrar mais marcas”.

Segundo Maria Beatriz, existem 180 estandes de marcas de produtos orgânicos, e, ao longo dos três dias de evento, espera-se a presença de 7 mil pessoas, cerca de mil a mais que em 2009. Ela diz também que, já no primeiro dia, foi firmada “uma série de parcerias”, e o grande destaque deve ser um painel de sexta-feira (05/11), com participação de Claudio Langone, coordenador da Agenda de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Copa 2014, que ocorrerá no Brasil. A ideia é transformar o evento esportivo numa grande vitrine da produção orgânica brasileira.

A Biofach América Latina / ExpoSustentat 2010 acontece até sexta-feira no Hotel Transamérica Expocenter (Avenida das Nações Unidas, 18.591, Santo Amaro, São Paulo, SP).

Governo vai aumentar velocidade de acesso à internet em telecentros e escolas rurais

Ao todo, serão investidos R$ 17,6 milhões na iniciativa


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A velocidade média de acesso à internet nos pontos atendidos pelo programa Governo Eletrônico – Serviço de Atendimento ao Cidadão (Gesac) vai ficar 50% mais rápida a partir de dezembro. O Ministério das Comunicações ainda informou que serão instalados mais 1.460 pontos de conexão em todo o país, destinados a telecentros comunitários, escolas rurais e unidades do programa Telecentros.BR.

Com a ampliação, o total de pontos de conexão do Gesac passará para 13.379. Os contratos que prevêem a ampliação do programa, assinados entre o Ministério das Comunicações e a Embratel, foram publicados nesta quinta-feira (04/11) no Diário Oficial da União e somam R$ 17,6 milhões.

O programa Gesac oferece conexão gratuita à internet em diversas localidades do país, como telecentros, escolas públicas da zona rural, bibliotecas e também em áreas de difícil acesso, como comunidades quilombolas, aldeias indígenas e assentamentos rurais.

Controle de Pragas na Lavoura

Assistam

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Dois problemas exigem constante atenção dos produtores de soja, ainda na fase inicial do desenvolvimento da lavoura. As áreas cultivadas podem sofrer o ataque das chamadas pragas iniciais, que buscam as partes mais tenras da planta. Outro problema enfrentado pelo agricultor é o forte calor aliado à falta de chuvas, o que pode provocar sérias perdas em todo o País.

Um produtor do interior de São Paulo levou algumas plantas mortas para a Embrapa Soja, em Londrina. A haste da planta, ainda macia, apresenta a ponta seca, sendo a provável causa de sua morte. O pesquisador Alexandre Nepomuceno explica que altas temperaturas do solo causam o problema, chamado de escaldadura da planta.

 – Logo que a planta germina existe um aumento da temperatura naquela altura ali, logo abaixo dos cotilédones. As temperaturas chegam até 60 graus e, com isso, pode acontecer esse efeito da escaldadura, onde há uma morte dos tecidos. A planta tomba e simplesmente não se recupera mais.

O plantio direto contribui para prevenir o problema, já que a palhada ajuda a reter umidade no solo e reflete o excesso de luz e calor. Nesse estágio também é preciso monitorar pequenos insetos, chamados de pragas iniciais; o piolho de cobra é uma delas. As folhas perfuradas revelam a presença de outra praga, a vaquinha.

As pragas iniciais da lavoura de soja precisam ser monitoradas bem de perto. Elas não chegam a causar grandes prejuízos, mas podem aumentar o custo de produção se a infestação for muito elevada e exigir o combate com algum tipo de produto. É o que afirma o entomologista da Embrapa Soja, Adeney Bueno.

– Desfolhas pequenas, até 30 por cento, mesmo na fase inicial não causam nenhum problema, a gente tem vários trabalhos que mostram que a planta se recupera muito bem. Entretanto, se a infestação for alta, a desfolha pode ser superior a 30 por cento. Aí se precisa de um controle. Essas pragas de superfície têm alguns grupos de inseticidas que podem ser utilizados, desde que o produtor venha a constatar a necessidade, e para isso é melhor ter sempre um engenheiro agrônomo na área, que vai fazer a recomendação do melhor inseticida.

Ministério da Agricultura vai aumentar fiscalização na cadeia do arroz

O Ministério da Agricultura pretende aumentar ainda este ano a fiscalização no processo de produção e industrialização do arroz. A novidade foi discutida nesta quinta, dia 4, em Brasília, com representantes do setor.
O governo federal estuda a criação de uma espécie de rastreabilidade do arroz, que incluiria o controle das questões sanitárias, trabalhistas e ambientais da produção. A medida passaria a valer em dezembro, com prazo de seis meses para os produtores se adequarem. A intenção é garantir a qualidade do cereal.
– Hoje a exigência é dos mercado e dos setores urbanos. Eles são muito exigentes, e temos que nos enquadrar nessa modernidade – explica o presidente da Câmara Setorial do Arroz, Francisco Schardong.
Além de apresentar a proposta ao setor, técnicos do Ministério da Agricultura alertaram que voltam a valer em março regras mais rígidas para a classificação do produto. Na safra passada, quando os rizicultores tiveram prejuízos com as enchentes, as exigências foram menores. A mudança, prevista para março, pode afetar os valores pagos pelo produto.
– Vários produtos que eram vendidos como tipo 1 passam para tipo 2 ou 3, e isso pode penalizar bastante o produtor – acrescenta Schardong.
Para a Federação das Associações dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul, tanto a nova classificação quanto a possível rastreabilidade do cereal comprometeriam ainda mais a renda de quem produz. A entidade vai propor que a adesão ao sistema seja opcional.
– A situação está completamente difícil para qualquer norma que possa trazer mais custo para o produtor. Se vamos ter um produto com rastreabilidade que envolve custo, o produtor tem que ter um preço diferenciado para esse produto no mercado – avalia o presidente da Federação das Associações dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Renato Rocha.
Os produtores ainda aguardam uma resposta do governo sobre a realização de leilões de PEP para escoar 500 mil toneladas de arroz. Os rizicultores argumentam que estão há 30 dias vendendo o produto abaixo do preço mínimo.

Bolsa de Chicago - Fechamento