quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
Para combater o ataque de pragas, produtor de soja de MT deve gastar mais
Os agricultores de Mato Grosso terão que gastar mais para controlar o ataque de pragas nas lavouras de soja. Desta vez o que preocupa não é o preço do produto, mas sim a média de aplicações, que deve dobrar em relação à safra passada.
Abastecer o tanque e fazer a pulverização da lavoura. Esta tem sido a rotina de Marco Antonio para proteger a plantação de soja contra o ataque das lagartas. Desde o início do plantio, há cerca de 60 dias, esta já é a quarta aplicação de inseticidas. Até agora o resultado foi satisfatório, afinal, não existe nem sinal dos insetos na lavoura. Mas o agricultor continua em alerta.
– Este ano o ataque é maior, já que o tempo seco contribuiu para a proliferação das pragas e houve muita infestação de lagartas que, antigamente, não atacavam a soja – afirma o agricultor.
A maior preocupação de quem está no campo é com a lagarta da maçã, que tradicionalmente ataca as lavouras de algodão. Só que nos últimos anos, a praga tem migrado para as plantações de soja. Nesta safra, com a falta de chuvas, a infestação ficou ainda maior, o que deve elevar significativamente as despesas dos agricultores com as aplicações de inseticidas.
O produtor Marco Antonio, por exemplo, está gastando mais para combater os insetos. Além dos produtos usuais, precisa aplicar produtos específicos para a lagarta da maçã. Ele calcula uma despesa adicional de pelo menos 20 reais por hectare em cada uma das aplicações. Como plantou 1090 hectares, já gastou algo em torno de 85 mil reais a mais que o previsto.
O engenheiro agrônomo e produtor Alexandre Lopes também está preocupado com a situação. Ele plantou 300 hectares e já fez três aplicações de defensivos. Além da despesa maior, teme a queda da produtividade da lavoura.
De acordo com a Aprosoja, agricultores de praticamente todo Estado enfrentaram este problema, que com o retorno das chuvas foi reduzido em algumas regiões. Mesmo assim, os produtores de Mato Grosso devem gastar mais com inseticidas nesta safra. A média deve ficar entre três e quatro aplicações para controlar as pragas, enquanto na safra anterior duas apenas foram suficientes.
Abastecer o tanque e fazer a pulverização da lavoura. Esta tem sido a rotina de Marco Antonio para proteger a plantação de soja contra o ataque das lagartas. Desde o início do plantio, há cerca de 60 dias, esta já é a quarta aplicação de inseticidas. Até agora o resultado foi satisfatório, afinal, não existe nem sinal dos insetos na lavoura. Mas o agricultor continua em alerta.
– Este ano o ataque é maior, já que o tempo seco contribuiu para a proliferação das pragas e houve muita infestação de lagartas que, antigamente, não atacavam a soja – afirma o agricultor.
A maior preocupação de quem está no campo é com a lagarta da maçã, que tradicionalmente ataca as lavouras de algodão. Só que nos últimos anos, a praga tem migrado para as plantações de soja. Nesta safra, com a falta de chuvas, a infestação ficou ainda maior, o que deve elevar significativamente as despesas dos agricultores com as aplicações de inseticidas.
O produtor Marco Antonio, por exemplo, está gastando mais para combater os insetos. Além dos produtos usuais, precisa aplicar produtos específicos para a lagarta da maçã. Ele calcula uma despesa adicional de pelo menos 20 reais por hectare em cada uma das aplicações. Como plantou 1090 hectares, já gastou algo em torno de 85 mil reais a mais que o previsto.
O engenheiro agrônomo e produtor Alexandre Lopes também está preocupado com a situação. Ele plantou 300 hectares e já fez três aplicações de defensivos. Além da despesa maior, teme a queda da produtividade da lavoura.
De acordo com a Aprosoja, agricultores de praticamente todo Estado enfrentaram este problema, que com o retorno das chuvas foi reduzido em algumas regiões. Mesmo assim, os produtores de Mato Grosso devem gastar mais com inseticidas nesta safra. A média deve ficar entre três e quatro aplicações para controlar as pragas, enquanto na safra anterior duas apenas foram suficientes.
Novas racas no Campo
Ovinocultores do Sul e Sudeste do país melhoram a renda produzindo leite para fabricação de queijos finos

OVELHAS lacune, east-friesian e mestiças formam o rebanho do criador Érico Tormen em Chapecó, SC
A ovinocultura brasileira ganhou impulso nos últimos 12 meses com a fundação da Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos Leiteiros, sediada em Chapecó, SC, e com a introdução no país de animais da raça east-friesian, de tripla aptidão e grande produção leiteira – originária da Alemanha, é considerada por especialistas uma das que apresentam maiores produções no mundo, podendo alcançar até quatro litros por dia. Em 2005, nenhuma fazenda do oeste catarinense tirava leite de ovelhas. Hoje, pelo menos 40 propriedades da região aderiram à produção, consorciando-a com atividades tradicionais como a pecuária bovina. Presidida por Érico Tormen, um dos primeiros a acreditar no potencial da ovinocultura de leite no estado, a associação já registra 20 sócios. A fazenda de Érico produz 180 litros por dia.
Segundo ele, a proposta da entidade é organizar os pecuaristas para o cenário de mudanças. “A produção de leite de ovelha tornou-se uma atividade significativa, e a associação permitirá a união e o fortalecimento do ovinocultor. Eu lembro que somente em Santa Catarina existem mais de 3 mil ovelhas leiteiras. Além disso, o consumo vai subir movido pela melhoria de renda no país.” Érico acredita na disseminação da ovinocultura leiteira, especialmente em São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro, estados com grande potencial de consumo de queijos finos, iogurtes e derivados. No total, segundo Érico, o Brasil produz hoje perto de 800 mil litros de leite por ano. “É pouco”, ele reconhece. Países europeus, como a Itália e a França, asiáticos, caso da China, e do Oriente Médio, como a Síria, nos quais a ordenha é praticada há pelo menos 2 mil anos, deixam no balde centenas de milhões de litros. A produção mundial de leite de ovelhas está próxima dos 8 milhões de litros ao ano. Para comparação, apenas no Brasil se produzem 26 bilhões de litros de leite de vaca anualmente.

QUEIJO PECORINO Grand Paladare
Em 2009, Paulo começou a entregar 20 litros por dia ao laticínio. Agora, espera chegar a 150 litros em 2011, com 100 fêmeas em lactação, tornando o leite autossuficiente e complementando o caixa com a venda de cordeiros. A Aliança possui dez hectares de área e lotação de 25 matrizes por hectare – a média brasileira é de dez matrizes por hectare.
A batalha diária na fazenda é árdua. Karine tem 15 anos de idade e acorda diariamente às 5h, junto com a mãe. Até as 9h30 está no curral ordenhando as ovelhas. “Depois vou cuidar do meu irmãozinho e da casa”, diz. Ela estuda na parte da tarde. Nesse período, a mana Maiquele, que vai à escola pela manhã, assume a ordenha das 14h com Vera. Paulo paga salário às meninas como forma de reconhecer o esforço. “É muito legal ajudar meus pais a construir o futuro de todos nós. Dá mais ânimo acreditarmos no desenvolvimento da ovinocultura de leite”, afirma Karine, que pretende estudar gastronomia. Aparelho nos dentes, jeans de grife, camiseta e tênis coloridos, a adolescente gosta de passear no shopping center, onde gasta “uma parte” de seu dinheiro. A cabanha recebe 1,85 real pelo litro de leite entregue aos Laticínios Bom Gosto, quase o triplo do que é pago ao leite de vaca. Paulo revela que o custo para produzir um litro é de mais de 1 real. “O importante é manter a uniformidade, e para a atividade ser viável é preciso tirar leite durante os 12 meses do ano.”
Próxima da Aliança, porém em outro município – Planalto Alegre –, fica a cabanha de Valdair Antonio Ecco, que tem 52 anos de idade e é um dos maiores produtores de leite de ovinos do país, com 400 litros por dia e 220 fêmeas em lactação, o que dá a média de 1,8 litro por animal por dia. A propriedade usa alta tecnologia, com destaque para uma máquina trazida há 30 dias da Alemanha que permanece ligada ininterruptas 24 horas amamentando os atuais 160 cordeiros. “É um leite em pó sucedâneo especial. O cordeiro mama à vontade no horário que quiser”, afirma Ecco. O ganho é certo, pois o filhote permanece 30 dias sendo amamentado pela mãe e outros 30 dias pela “mãe mecânica”. Assim, um mês após o parto, a fêmea vai para a ordenha produzir leite durante cinco meses e o cordeiro não tem mais contato. Ecco recebe 1,85 real pelo litro de leite entregue à indústria. Mais da metade é custo, e o que sobra é reinvestido na atividade. Ele agrega vendendo genética e cordeiros de 15 quilos a 150 reais a cabeça. Nos últimos tempos, não há oferta que resista à demanda, diz o pecuarista, que usa as raças lacaune e friesian e faz cruzamento com a texel.

Paulo Gregianin, que toca a criação juntamente com sua família
Segundo Érico Tormen, a ovinocultura de leite permite agregar valor, e essa é uma das questões mais debatidas do agronegócio brasileiro. A agregação gera renda e cria emprego. Para fabricar um quilo de queijo, são gastos cinco litros de leite de ovelha, enquanto de dez a 12 litros são necessários se for usado o leite de vaca. “O leite de ovelhas tem 80% a mais de cálcio que o da vaca e o dobro de gordura e de proteínas. Resultado: os melhores queijos da alta gastronomia mundial, como roqueford e pecorino, são fabricados exclusivamente com leite de ovelhas.” Segundo Érico, o queijo é comercializado para o consumidor de maior poder aquisitivo, visto que é caro, mas ele entende que a demanda vai se alargar devido à mobilidade de classes no Brasil, com muita gente tendo acesso à chamada classe média alta. O presidente da associação informa que o consumo de leite de ovinos in natura no Brasil praticamente não existe, mas a fabricação de iogurtes em breve vai tornar-se realidade. Ele mesmo produz um tipo ainda na etapa de experimentação e recheado de frutas como abacaxi e morango.

VALDAIR ECCO, produtor de 400 litros de leite por dia, litragem recorde em SC
Feito com leite integral, o queijo não leva qualquer produto químico e a lactose é zero, garante o empresário. Ele põe muita fé no futuro do segmento no país e está pensando em fabricar em Chapecó um dos mais famosos tipos de queijo, o português Serra da Estrela, “que chega a custar de 300 a 400 reais o quilo”. Zanotto faz uma observação importante: “Os queijos nobres se diferenciam uns dos outros devido às regiões nas quais são produzidos. Cada tipo incorpora clima, água, constituição do leite, essências, cores, num amálgama que compõe personalidades peculiares”.
Artista plástica, Ruth Villela Andrade concorda. No município paulista de Campos do Jordão, a 185 quilômetros da capital e a 1.600 metros acima do nível do mar, ela e o marido, Carlos Schmidt, selecionam ovinos leiteiros com a finalidade exclusiva de produzir um tipo de queijo nobre e com a personalidade da Serra da Mantiqueira, repleta de portentosas araucárias. “O Queijo Pastor é fabricado artesanalmente com leite de ovelhas east-friezian. De massa tenra, pode ter aroma de frutas silvestres, como o morango, ou das folhas da castanheira. É maturado em madeira de araucárias e absorve o gosto delas sutilmente”, explica Ruth. Ela não admite fazer o roqueford ou outra marca conhecida. “O Pastor é um queijo camponês, típico das montanhas, e poderá ser apreciado nos restaurantes e hotéis mais sofisticados de Campos do Jordão.”

ORDENHA em fazenda de Chapecó cuja média é de 1,8 litro por animal
Do alto de décadas assistindo às transições da ovinocultura brasileira, o superintendente do registro genealógico da Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos (Arco), com sede na gaúcha Bagé, Francisco José Perelló Medeiros, diz que a ovinocultura leiteira vai deslanchar no país. “Criadores estão atrás de material genético da raça lacaune no Uruguai para fazendas no Rio Grande do Sul, São Paulo, Santa Catarina e Minas Gerais. Querem produzir mestiças.” Segundo ele, plantas para industrialização começam a ser montadas. O ritmo é compassado, mas o mercado é promissor e a concorrência será com os queijos franceses. O superintendente concorda que a ovinocultura de leite pode firmar-se como uma rentável receita complementar nas propriedades, agregando renda em consórcio com outras atividades. Pereló aconselha aos pequenos criadores, principalmente, a aglutinação em cooperativas para defender seus interesses em conjunto. E, no caso do estado de São Paulo, já funciona uma unidade de leite de ovelhas na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Unesp de Botucatu. Foi fundada devido ao potencial do mercado de queijos finos. “Temos no Brasil nichos de mercado para esse tipo de produto, principalmente nos grandes centros urbanos, haja vista que importamos queijo de ovelhas da Europa, particularmente da França, Espanha, Portugal, Grécia e Itália”, afirma o professor Edson Ramos de Siqueira, responsável pela unidade.
A produção de leite é de ovinos da raça bergamácia, originária do norte da Itália, e é toda destinada à fabricação de queijos como o roquefort. A área de produção inclui baias, sala de ordenha mecanizada, tanque de resfriamento, centro de manejo e oito hectares de pastos com o capim-tanzânia.

CARLOS SCHMIDT trouxe friesian para sua fazenda em Campos do Jordão
A propriedade tem cinco hectares. Os animais ficam dia e noite nos 25 piquetes de 2.000 metros quadrados cada um, e as fêmeas, que permanecem em lactação por seis meses – período superior à média –, recebem 400 gramas de ração, mais sal mineral. Em 2009, o faturamento mensal por hectare foi de 997 reais, “tirando os custos”, diz Cleber, que engorda o caixa com a venda de reprodutores e carneiros para abate. Ele toca o serviço sozinho, recebendo auxílio da esposa, Eloísa, 39 anos, contadora e funcionária da prefeitura da cidade em tempo integral. As construções na Fazenda Cavasini são simples, práticas e bonitas. Cleber recebeu a reportagem em seu escritório, que fica suspenso a poucos metros da margem de um lago cheio de peixes. À pergunta se o lucro da ovinocultura leiteira o deixava satisfeito, ele não respondeu. Deu um sorriso, olhou para Eloísa e convidou a comer mais um naco do queijo Cavasini.
No dia 19 do mês passado, a diretoria da Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos Leiteiros se reuniu em Chapecó. Anunciou uma série de parcerias, inclusive com a Nova Zelândia, e no dia 5 deste mês enviou dois de seus diretores para lá com a incumbência de pesquisar as formas de produção, as raças mais utilizadas e a genética disponível de ovinos leiteiros num país cuja exploração é antiga. Érico Tormen disse que a associação vai reivindicar ao governo que assuma em janeiro próximo a isenção do PIS e Cofins, na esfera federal, e do ICMS, nos estados, “até que o setor se organize melhor”. É urgente também, segundo ele, efetuar um levantamento periódico dos rebanhos brasileiros para orientação de todo o mercado. Na reunião, ficou decidido que os produtores de ovinos de leite vão dar início à participação em exposições de animais, como a Mercoláctea, marcada para maio de 2011, em Chapecó.
![]() | RAÇA: east-friesian ORIGEM: Alemanha, região da Frísia. Sua seleção remonta a 600 anos. Há registro da raça desde 1530 APTIDÕES:leite, lã e carne. No Brasil, é usada para leite TEOR DE GORDURA DO LEITE: 6% a 7%, bem superior ao da vaca TEOR DE PROTEÍNA: 4,5%, o que torna o leite ideal para a fabricação de queijos finos > Os animais são considerados grandes e pesados (machos entre 90 e 120 quilos e fêmeas entre 75 e 80 quilos). Têm muita massa muscular e pouca gordura De 4 a 5 litros de leite podem produzir 1 quilo de queijo. No caso da vaca, são necessários dez litros de leite > No Brasil, está sendo estudado o cruzamento do east-friesian com raças nativas mais rústicas, o que deve gerar um meio-sangue melhor adaptado ao clima tropical > A east-friesian tem rabo pelado, boa aptidão materna, facilidade de parto e engorda rápido seus cordeiros Fonte: Associação Brasileira de Criadores de East-Friesian |
Fazenda Sao Joao
Jeito certo
Fazenda São João/True Type, de Inhaúma, MG, investe na profissionalização e na gestão de recursos humanos para ganhar em produtividade e elevar a rentabilidade

FLÁVIO GUARANI, dono da São João, administra a propriedade em parceria com especialista em gestão de RH
Gilson chefia os três turnos de ordenha mecanizada da Fazenda São João/True Type, de Inhaúma, MG, a 80 quilômetros de Belo Horizonte. Mas só agora está cursando a oitava série do ensino fundamental. Consciente do tipo de empresa em que trabalha – referência na produção de leite e idealizada, desde o primeiro momento, como um projeto de longo prazo com atenção especial à gestão dos recursos humanos –, ele colocou na cabeça não parar na posição em que está.
Ao contar a própria história, ele ilustra as oportunidades e os desafios de quem trabalha ali. “Quando fui contratado, em 2002, não era um profissional qualificado, apesar de ter trabalhado em outras fazendas. Mas existe na companhia um empenho para que os funcionários aprendam e cresçam. Comecei como auxiliar de sanitarista, fui promovido a gerente da área, depois a gerente da produção no turno da noite e, em seguida, no diurno e, hoje, sou gerente de plataforma”, explica, ressaltando que isso implicou não só em crescimento profissional, mas também pessoal. “Fiz vários cursos técnicos e de gestão oferecidos pela empresa, buscando aplicar o aprendizado no dia a dia e aprender sempre mais.”

GILSON ESTAQUINO, gerente de produção, foi admitido como auxiliar de sanitarista e passou por cinco posições até assumir a atual
“Mas acho que a grande diferença é oferecer chance de crescimento aqui dentro. Se surge uma nova vaga, tentamos sempre preenchê-la com quem já é funcionário. Eu mesmo cheguei aqui como recém-formado em veterinária e, neste mês, fui promovido a gerente-geral”, conta o veterinário Paulo Henrique Garcia, que também trabalha na fazenda há oito anos e comemora sua trajetória ascendente no organograma da empresa – fato comum tanto para os funcionários de maior escolaridade como para os menos graduados. “O que conta aqui é o desempenho e a vontade de crescer e aprender”, afirma.
Quem se despede da São João/True Type tampouco perde seu valor dentro da fazenda. Um de seus mais antigos funcionários, que a deixou para buscar novas chances no mercado, Milton Amaral foi homenageado dando seu nome ao refeitório da empresa. Um espaço bem característico, que mistura o clima corporativo com o “jeitinho” mineiro de conviver e no qual nunca falta comida caseira e quente nas panelas e a opção de um ovo frito na hora, seja para gerentes mais destacados ou auxiliares.
Terceira maior produtora de leite do Brasil e primeira em Minas Gerais, a fazenda de 90 empregados não tem seu segundo nome por acaso. “True type significa fazer a coisa certa”, lembra Gilson nas palestras ministradas para grupos de visitantes, produtores e associados de cooperativas de todo o país, além de estudantes, que quase todos as semanas são recebidos na propriedade.

PAULO HENRIQUE GARCIA, gerente-geral, ingressou na empresa há oito anos, quando era recém-formado
De acordo com Flávio, a filosofia da empresa é a de que “o sucesso de qualquer ação depende de sua execução, e esse é o motivo principal para buscar sempre o conhecimento sobre como se relacionar, a motivação e o crescimento pessoal, independentemente do cargo que se ocupe”, diz ele.
Na São João, não importa se um funcionário é auxiliar, ordenhador, gerente ou administrador. Sua atuação precisa ser pautada pela vontade de fazer certo, produzir mais e crescer. A estrutura profissionalizada e focada na produtividade, comum no meio urbano, e cada vez mais valorizada entre empresários rurais, é apenas um dos aspectos da gestão da empresa. Toda a implementação da fazenda, da escolha do terreno à introdução dos animais, seguiu uma sequência semelhante a de uma indústria que, primeiro, providencia as instalações para só então iniciar a produção.
O projeto, diz Flávio, foi iniciado em 1994. “Naquele ano comecei a procurar o local ideal para a produção de leite. Eu queria o pé de acordo com o sapato e consegui. Precisava de uma área próxima aos grandes centros consumidores, ‘na beirada’ do asfalto, com potencial para agricultura e capacidade de aumento de produção agrícola e pecuária.” Ele lembra que, primeiramente, uma equipe de agrônomos e especialistas em gestão iniciou a produção de matéria-prima para a alimentação do plantel. “Depois cuidamos das estruturas físicas, e só então entrou o rebanho. Quase dois anos após o início das obras, nasceu nosso primeiro bezerro”, recorda o proprietário. A propriedade, entretanto, está longe de ser uma obra acabada. “Como qualquer grande empresa, a nossa é uma estrutura dinâmica, com planos de crescimento e desafios constantes”, diz.
A implantação dos cultivos na fazenda foi feita para dar suporte à atividade leiteira. “Começamos com a soja para corrigir o solo, típico de Cerrado, e depois passamos para milho, sorgo, aveia e outras culturas e para pastos plantados com tifton. Só com o projeto agrícola executado demos início à compra, em 2002, do rebanho de gado holandês e começamos a trabalhá-lo com inseminação e transferência de embriões, para agilizar o processo de melhoramento genético”, explica o veterinário Clóvis Correa, diretor da consultoria Rehagro (leia Organograma da Fazenda São João), que participou de toda a formação dos rebanhos.

Entre as metas da empresa está a de elevar sua produção atual. “Estamos num processo de crescimento e readequação constantes”, ressalta Flávio, afirmando que a companhia pretende alcançar a marca de aproximadamente 50 mil litros por dia. “Uma empresa precisa ser dinâmica e buscar sempre seus objetivos e metas. Se hoje produzimos 13 milhões de litros, sabemos que podemos chegar a 16 milhões em um determinado prazo, desde que planejemos esse crescimento”, analisa.
Os planos ambiciosos da fazenda São João/ True Type não “arranham” o princípio de dar atenção especial à gestão de sua equipe e ir além do cumprimento de determinações da legislação trabalhista, como carteira assinada, férias, décimo terceiro, FGTS e demais direitos legais.
“Eu ingressei aqui há três meses e meio como aprendiz, com todos os direitos de um estagiário e a obrigação de continuar os estudos. Meu pai é gerente e começou em 2003 como sanitarista. Meu início vai ser aprendendo as técnicas de desmame”, conta o auxiliar de recria Lucas Gourlart da Silva, 15 anos, filho do gerente da maternidade, Claudinei Silveira da Silva, e aluno da oitava série do primeiro grau. “Apesar da posição de meu pai, não tive coragem de falar de emprego para ele. Mas, como eu tinha muita vontade de trabalhar aqui, porque gosto do campo e de mexer com animais, acabei pedindo ao Gilson uma chance para mim”, diz.
Pediu, foi avaliado como qualquer candidato a uma vaga e aprovado. Se, no futuro, vai se graduar em alguma profissão da área, Lucas ainda não tem certeza. Sabe que gosta do que faz, lidar com bezerros, dar-lhes a mamadeira e induzir o desmame, e que está aprendendo rápido. “Mas, se eu decidir ser veterinário ou seguir carreira, aqui mesmo poderei ter chances de crescer, como meu pai e os colegas dele”, afirma.
Da mesma forma que valoriza a gestão de recursos humanos, a São João/True Type tem uma rede de associações e parcerias. Exemplo disso é a consultoria ReHAgro, um bem sucedido empreendimento com sede em Belo Horizonte e cursos presenciais em onze estados. A iniciativa nasceu do próprio projeto da São João, numa aliança entre os irmãos Clóvis e Fábio Correa e o produtor Flávio Guarani. Ao passo em que estruturavam a fazenda, os três se deram conta de que havia um mercado praticamente inexplorado no ensino e qualificação de recursos humanos para o meio rural. Fundada em 2001, a ReHAgro é uma empresa de treinamento, capacitação e especialização de pessoas no agronegócio. “Atuamos tanto com cursos presenciais para diversos segmentos da área, como em educação à distância, cursos de pós-graduação e especialização, simpósios, assistência técnica e gestão de empresas rurais”, explica Clóvis Correa, administrador da São João e sócio da ReHAgro. Da experiência das duas empresas, surgiu uma terceira empresa do grupo, a Ideagro, especializada em softwares de gestão rural. Os sócios também perceberam, há cinco anos, que a experiência da São João era sua maior vitrine. Por isso, criaram o Dia de Campo da Fazenda São João, realizado todos os anos no começo de outubro e que recebe cerca de dois mil visitantes para palestras, workshops e visitas à propriedade. A companhia também estabelece parcerias comerciais com fornecedores e até com seu grande cliente, a Cooperativa Itambé, compradora de toda a produção da São João. Com estes grupos, a ReHAgro mantém uma política de marketing para divulgação das atividades, em outdoors e displays vistos tanto nos Dias de Campo como pelos visitantes periódicos da fazenda. “Se a relação é produtiva e boa para todos, todos ganham”, explica Flávio Guarani, dono da São João. |
Cotacoes
- Açúcar(R$/sc - SP)R$75.96
- Álcool (R$/litro - SP)R$1.21
- Algodão (R$/libra - MT)R$93.59
- Boi (R$/@ - SP)R$95.0
- Café (R$/sc - MG)R$428.0
- Frango (vivo, R$/kg - PR)R$2.01
- Milho (R$/sc - PR)R$24.5
- Soja (R$/sc - MS)R$47.6
- Suíno (vivo, R$/kg - SC)R$2.45
- Dólar (R$ - comercial)R$1.6900
domingo, 26 de dezembro de 2010
Casos de soja louca II em Mato Grosso e Paraná não estão confirmados
Posto de observação montado em uma propriedade registra a ocorrência da anomalia para analisar o desenvolvimento das plantas
A Embrapa e a Aprosoja não confirmam nem descartam os casos de soja louca II em Mato Grosso e no Paraná. No Estado da região Sul, a suspeita surgiu em uma pequena área no município de Goioerê. Em Mato Grosso, os sintomas apareceram em três municípios: Cláudia, Vera e Sinop.
Em Cláudia, no norte matogrossense, foi montado um posto de observação em uma propriedade que registra a ocorrência da anomalia desde novembro, para analisar o desenvolvimento das plantas.
– A nossa esperança nessa safra é coletar dados para que a gente possa direcionar nossas pesquisas. Não é uma boa notícia para os produtores que estão com a cultura hoje no campo, mas temos esperança que, com estes campos de observação, a gente consiga delinear um encaminhamento das pesquisas para a próxima safra – Edson Hirosi, pesquisador da Embrapa.
A proprietária da área, Roseli Muniz, que também é especialista em doenças da soja, afirma que a maior preocupação é encontrar os fatores causadores da soja louca dois. Os sintomas, segundo ela, são bem claros.– O principal sintoma é esse afilamento no topo da planta de soja. É um filamento da folha. Ocorre um enrugamento da folha, um engrossamento da nervura. A folha fica com um verde mais intenso e há uma retenção foliar, ou seja, a planta não completa seu ciclo, e a principal perda de rendimento é o abortamento das folhas e vagens. Resumindo, a planta fica estéril – explicou a produtora.
Os prejuízos ainda não podem ser quantificados, pois o cálculo só poderá ser feito após a colheita.
– Estamos fazendo o monitoramento das áreas. São mais talhões que tem apresentado o sintoma e ainda não podemos saber o que tem afetado essas plantas, causando a esterilidade – diz Roseli.
Em algumas áreas afetadas, entretanto, as plantas voltaram ao normal. Em decorrência disso, técnicos da Embrapa não confirmam que os casos sejam realmente de soja louca II.
– Não podemos afirmar que é soja louca II, por isso é preciso monitoramento. Assim como na ferrugem asiática, o monitoramento é a palavra chave. Monitore, acompanhe, vistorie. Esta é a palavra chave ao produtor – garantiu Nery Ribas, gerente técnico da Aprosoja.
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