John Deere

John Deere
A força do campo

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Assentados têm dificuldade de acesso a crédito e serviços de saúde, diz pesquisa do Incra.

Estudo indica ainda que a renda varia de acordo com a região onde está o assentamento.


 Shutterstock
A maior parte dos assentados do país está insatisfeita com o acesso a hospitais e postos de saúde (56%) e reclama má qualidade das estradas vicinais de acesso aos assentamentos (57%). E quase metade (48%) não teve acesso aos financiamentos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). É o que indica uma pesquisa do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que identificou o perfil e o nível de satisfação das famílias assentadas no país.

“Precisamos investir ainda muito na saúde nos assentamentos”, reconheceu o presidente do Incra, Rolf Hackbart, que apresentou os dados nesta terça-feira (21/12).

A falta de assistência técnica, uma das exigências para conseguir o financiamento, é o principal obstáculo para obtenção do crédito. Em 2010, o orçamento do Incra para assistência técnica era de R$ 300 milhões. Porém, caiu pela metade com o contingenciamento determinado pelo governo federal.

Segundo o coordenador da pesquisa, César Schiavon, de 25% a 30% das famílias não têm acesso ao crédito porque vivem em assentamentos novos, em fase de estruturação e sem assistência técnica. O processo para entrar no Pronaf leva de um a dois anos.


Diferenças de renda

A pesquisa comparou a renda de famílias em assentamentos de Santa Catarina e do Ceará. A discrepância regional é grande. Enquanto no estado do Sul 27% das famílias têm renda acima de cinco salários mínimos, a maioria das famílias que vivem em assentamentos no Ceará (29%) ganha menos de um salário mínimo. “Integrar a economia regional e gerar renda são os grandes desafios em qualquer região”, afirmou o presidente do Incra.
Mais da metade dos entrevistados consideram que as condições de vida apresentaram melhora em comparação à situação anterior nos quesitos alimentação (56,3%), educação (56,1%), moradia (55,7%), renda (55%) e saúde (43,3%).

A maioria também respondeu ter acesso à água (78,98%), enquanto o fornecimentos ininterrupto de energia elétrica só está disponível para 43,86% dos entrevistados. Mas, no Nordeste, 35% não têm acesso adequado ao abastecimento de água. A fossa simples é a principal forma de tratamento de esgoto, adotada por 34,3% dos assentamentos, seguida pela fossa negra (29,83%). Mas só 1,14% dos entrevistados dispõem de rede de saneamento básico, enquanto 0,39% dos assentados não contam com nenhum tipo de tratamento.

A pesquisa traz um perfil das famílias assentadas. Em geral, têm quatro ou mais membros, com média de 20 anos de idade. Os homens são maioria em 53,42% delas. A escolaridade é baixa: 42,88% dos assentados só cursaram da primeira à quarta séries, contra 5,23% com ensino médio completo e 0,51% com diploma de ensino superior. As casas têm mais de cinco cômodos.

O Incra ouviu 16,1 mil famílias assentadas entre 1985 e 2008, em todos os estados e no Distrito Federal.

Milho: Um bom final de 2010!!!

Situação Mundial

Embora o relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) tenha mantido praticamente inalteradas as informações sobre a situação da produção e consumo de milho nos Estados Unidos e no mundo, os preços do cereal na Bolsa de Chicago iniciaram uma escalada a partir de meados de novembro (quando estavam a cerca de US$ 204,00 por tonelada) chegando a até cerca de US$ 6,00 por bushel (algo em torno de US$ 235,00 por tonelada) nos últimos dias. Este crescimento ocorreu de forma praticamente contínua, sem muitas oscilações, indicando uma tendência firme de crescimento. Como as informações sobre os fundamentos de mercado estiveram estáveis, isto pode indicar certa dose de especulação sobre a capacidade de atendimento das oportunidades criadas no mercado de etanol pelas últimas medidas do governo americano.

No mercado americano, a manutenção da taxa de importação do etanol, em vigor nos Estados Unidos, fortalece a mensagem de que este produto é tratado de forma estratégica e de segurança nacional, atendendo de certa maneira o forte lobby dos produtores de milho nos Estados Unidos. Esta atividade continua sendo estimulada, mesmo tendo em vista a reduzida relação estoque/consumo, prevista para o próximo ano (que é a menor dos últimos 15 anos).

A grande novidade está ocorrendo por conta da situação climática na Argentina, que tem se mostrado desfavorável às lavouras de milho. Em algumas regiões produtoras as lavouras estão entrando na fase de floração (o período mais crítico para o milho) sob condições de estresse, o que pode prejudicar os rendimentos agrícolas. Caso isto aconteça, como a política do governo tem sido de privilegiar o abastecimento interno a partir de um sistema de estabelecimento de quotas de exportação, novas restrições à quantidade exportável por este país em 2011 podem ser impostas. Este acontecimento, no país que é o segundo maior exportador de milho do mundo, se constitui em motivo de alerta nos mercados mundiais. Isto é particularmente grave se considerarmos que o abastecimento do mercado internacional no primeiro semestre recai principalmente sobre o hemisfério Sul, até que a safra do hemisfério Norte comece a ser colhida, no segundo semestre.

Situação Interna

No Brasil, com a safra de verão de milho já quase toda implantada, resta a expectativa com relação ao clima. Entretanto, frente aos temores com relação a um ano sob influência do La Niña, as condições estão relativamente favoráveis, principalmente nos estados do Sul do país, que são geralmente mais afetados por este fenômeno climático.

No Rio Grande do Sul, após um período de dificuldades climáticas em novembro, a maioria das lavouras de milho entram no período de floração com maior disponibilidade hídrica nas principais regiões produtoras do Centro-Norte do estado, onde se concentra a maior parte das lavouras de milho.

No Paraná, a situação se repete e as lavouras de milho se encontram em boas condições nas principais regiões produtoras, o que é um indício de uma safra normal, apesar da redução da área plantada.

Esta situação na região Sul, se não for alterada por eventos climáticos em janeiro, fornecem tranquilidade ao abastecimento interno no próximo ano, visto que esta região é a principal consumidora de milho no Brasil.

Nos outros estados produtores a safra de verão também ocorre dentro da normalidade, o que deixa a definição mais sensível para a próxima safrinha, que completará o quadro do abastecimento interno de 2011.

O principal problema da safrinha está no atraso que ocorreu no plantio da safra da soja. Com este atraso, o período disponível para plantio do milho safrinha na época favorável (até a primeira quinzena de fevereiro) para obtenção dos rendimentos agrícolas mais elevados torna-se menor. Além disso, existe uma tendência de redução de insumos nas lavouras, na medida em que o plantio atrasa, em decorrência da incerteza quanto às condições climáticas.

Visto que nas principais regiões produtoras de milho safrinha do Centro-Oeste este plantio já é parte do sistema de produção soja-milho, é pouco provável uma redução na área plantada (o que não ocorreu nem mesmo nas condições desfavoráveis de preço de milho do ano de 2010). Com os preços sensivelmente melhores que estão se verificando neste final de ano, existe um incentivo maior para o plantio, embora com o uso de sistemas de produção de menor custo, tendo em vista os riscos mencionados. O resultado final poderá ser uma safrinha com área semelhante à de 2010, porém com menor produção, face aos sistemas de produção com menor potencial de produtividade.

Atualmente existe pouco milho disponível na mão dos agricultores, o que contrasta com a situação dos armazéns abarrotados que se verificava meses atrás. Grande parte dos estoques disponíveis está com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), que está inclusive em condições de escoar milho adquirido em safras passadas.

Esta situação dos estoques de milho é o resultado das exportações, que sinalizam para um quantitativo superior a 10 milhões de toneladas, que contribuíram para normalizar a situação no Centro-Oeste, de onde tem vindo a maior parcela do milho exportado pelo Brasil.

Em resumo, até novas ocorrências, a situação do abastecimento de milho no Brasil se mostra bastante favorável. Preços um pouco mais favoráveis no Centro-Oeste, o escoamento satisfatório da safrinha, na mesma região, o abastecimento regularizado do Nordeste e uma safra de verão com uma expectativa melhor, pelo menos até agora, na região Sul do Brasil. Um bom início para o ano de 2011.